A evolução das espécies conta com o benefício de milhões de anos de tentativa e erro para aperfeiçoar seus projetos na natureza. Já há algum tempo, os humanos se beneficiam desta influência na inspiração dos seus inventos. A abordagem para a inovação humana por meio da emulação da natureza é chamada de design biomimético. Está presente na concepção do velcro, do trem-bala japonês Shinkansen (abaixo, inspirado no bico do pássaro Martim-Pescador) e do ornitóptero de Leonardo da Vinci, para citar apenas alguns exemplos.
E agora também na proposta do veículo aéreo Macrobat, criada pela startup sul-africana Phractyl. Trata-se de uma aeronave elétrica diferente de tudo que já foi apresentado para a mídia até agora. É tão radical que muitos jornalistas questionaram se não tratava-se de uma pegadinha. Com o design inspirado nos pássaros, o Macrobat é um veículo aéreo pessoal (Personal Aerial Vehicle - PAV) planejado para ter a opção de ser pilotado, controlado remotamente ou ter capacidade de vôo autônomo. A aeronave tem uma velocidade de cruzeiro de 180 km/h, alcance de 150 km e carga útil máxima de 150 kg.
O veículo foi projetado para funcionar bem em ambientes com falta de infraestrutura, geografia diversificada e biomas encontrados em toda a África. A empresa prevê que a aeronave será altamente proficiente em decolar, pousar e voar sobre desertos áridos, savanas gramíneas, vários tipos de florestas e também em regiões montanhosas. Segundo os executivos da empresa, o Macrobat foi concebido para enfrentar os desafios de transporte mais críticos da África, que inclui a mobilidade de pessoas e cargas para áreas que não são facilmente acessíveis por transporte terrestre.
A Phractyl categoriza o Macrobat como uma aeronave elétrica de decolagem e pouso quase vertical (near-vertical takeoff and landing - eNVTOL) porque ela decola fazendo um pequeno ângulo, e não perfeitamente reto para cima. O veículo pode "agachar" para trás, inclinar suas asas e sua fuselagem e decolar. Quando em vôo, a fuselagem se nivela para funcionar como um pequeno avião e as "pernas" de pouso se retraem para minimizar o arrasto. Ao pousar, as esteiras tipo lagarta ajudam no deslocamento de curtas distâncias em terrenos acidentado, desnivelados ou lamacentos.
Os executivos da Phractyl já anunciaram que este é um projeto de longo prazo, e que o avanço na tecnologia das baterias será determinante para a viabilidade do mesmo. No momento, o estágio do projeto é embrionário: há somente um mockup em escala reduzida do veículo em madeira. Vários desafios terão de ser vencidos até que o conceito seja validado, principalmente em relação às asas e ao trem de pouso do Macrobat. Mas o objetivo é nobre, razão para torcer para o sucesso do mesmo.
Dica do Robb Report